O Livro da Alice

Luís M. Vicente

[os caminhos do inexorável, ou um gato velho olha por cima do ombro ali de pé na costa da liberdade]

Fomos já encontrados por dias estranhos. Encontram-nos, descobrem-nos, destruir-nos-ão. Também olhos estranhos nos vigiam. Deixam-nos sós, apagam-nos as memórias e refazem-nas. Nós, contrafeitos a contragosto, deleitamo-nos.
As pessoas tornam-se estranhas porque são estranhas. As ruas tornam-se obscuras e já ninguém se lembra dos nomes, nem estranha. Da chuva já se perdeu o cheiro a terra molhada. Já não se vê o Sol, nem a Lua, nem as sombras das árvores, nem a brisa. Ninguém estranha.
■ Luís M. Vicente

 

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Excerto

Já cheira a verão. O calor alentejano já se entranha nos ossos. Oiço Mahler, porque não? É a terceira sinfonia, uma visão de Nietzsche, a história de Zaratustra em todo o seu esplendor sonoro. Os primeiros figos espreitam do alto da figueira, as laranjas ainda são pequeninas esferas verdes, das tangerinas ainda nem sinal, os limões já vão caindo no chão. A matilha está quieta, todos estendidos ao sol excepto a Alzira e a Eliza, irmãs que não param os seus jogos de perseguição.
O carteiro veio entregar a encomenda pela qual eu ansiava. Encomenda fresquinha como esta manhã em que o verão desponta. É um livro já publicado este ano. Intitula-se L’Énigme Denisova da Silvana Condemi e do François Savatier. É uma publicação da editora Albin Michel. Folheio-o entusiasmado. Ilustrações lindíssimas. Bom sinal. Devorá-lo-ei nos próximos dias.

Nota de leitura

Ficha Técnica

ISBN 978-989-9154-45-2
Formato 14x22cm
Páginas 392
Data de edição Novembro de 2024
Género Ensaio
Nº de edição 335
Colecção terceira margem # 012
PVP 19 €

Autor