Confissões

José Ricardo Nunes

Num universo ficcional muito original, surpreendente, este Confissões de José Ricardo Nunes gira em torno de figuras desenquadradas da norma social, com falhas por sarar, numa relação de confessionalidade que nunca se cumpre a preceito. Uma escrita que tem o dom do suspense, ao mesmo tempo que apresenta uma riqueza vocabular e construtiva do melhor que se faz hoje em Portugal.

 

Excerto

Tirei a navalha do bolso e recortei junto à moldura e enrolei e vim para junto da Marta e disse “nem imaginas o que descobri junto ao altar.” Apanhei jornais do chão e comecei a embrulhar a tela, a protegê-la, “Marta, quer-me cá parecer que vamos ficar ricos.”
Na altura não pensei no Padre. Não pensei nas consequências, o seu colega a responder à polícia, um agente de rosto impenetrável, barba mal feita, assentando tudo num papel, “Senhor Padre, quantas vezes é que já lhe disse que tem um coração grande demais?

 

Nota de leitura

Tal como no resto da sua obra, nestas Confissões não encontramos a formalização pretensiosa, nem o fogo-de-artifício de palavras. Antes, pequenas subtilezas que nos convidam a várias releituras e em que nos vamos apercebendo das cambiantes, vozes que aparentando simplicidade nos levam ao âmago das suas e nossas questões existenciais: porque se arrependem, quem são estes homens e estas mulheres, conhecemo-los, o que é a morte, onde está deus?
(…) Entre deus e a morte, os pecados e omissões, os significados e ironias através de palavras e frases esculpidas em pormenor, é fácil encontrarmos momentos de puro prazer estético que este livro proporciona.
[José Ribeiro. Da apresentação pública da obra]

 

Ficha Técnica

ISBN: 978-989-8592-31-6

Dimensões: 11×15

Nº páginas: 114

Ano: 2013

Nº Edição: 29

Género: Ficção/Conto

PVP: 12 €

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