Weisman e Cara Vermelha. Um Western Judeu
George Tabori
Parceria editorial com o Teatro da Rainha.
Tradução de Carlos Borges. Prefácio de Fernando Mora Ramos.
Neste western judeu, do que realmente se trata é da vida miserável de um pai de família subitamente viúvo, pai de uma rapariga — já grandinha — deficiente, e do seu encontro acidental com um falso índio que, sujeito em crise de identidade como os filhos do mundo globalizado são, é finalmente, também ele, resultado de um cruzamento de origens entre as quais se encontra presente um cromossoma judeu. De algum modo somos todos filhos da mesma mãe.
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Excerto
WEISMAN — Vista sublime. Sem café, sem jornais, nem sequer um sinal de trânsito, só o vento ataca como os ladrões na alta da Broadway. Devolvam-na aos índios. Olha, um peru.
RUTE ‒ Abutre.
WEISMAN ‒ Masel tov. (Fala amargamente para o saco de papel.) Da próxima vez tentamos voar, sim, Bella? Que tens tu contra uma aterragem desastrada ou um desvio de avião? Nunca foste do tipo de refém, não é, Bella? Não tens nada de judia, agora mesmo nada, um montinho de cinzas numa urna de barro. (Os olhos ficam vermelhos de vergonha.) Desculpa-me, Bella. (Coloca-a no parapeito.) Pensa na Sagrada Escritura, Rutezinha, rega o deserto até ele florir, mas nunca contra os remoinhos de vento.(Olha para longe.) Eh, queres ver um índio ao vivo, em cima de uma coisa que se parece com uma mula?
Nota de leitura