Três oito e setenta e cinco
José Ricardo Nunes
A poesia mais recente de um dos poetas de referência do século XXI.
Excerto
Que não seja contemplado com o prémio,
que jamais saia da tômbola,
devidamente ordenado e cantado,
o três oito e setenta e cinco
que o meu avô e antes o pai dele compravam
numa tabacaria ao Largo de São Paulo
e jamais lhes saiu. E à cautela
tapo os olhos com a cautela. E peço
que saia outro número, a outro
o número certo, nem à terminação aspiro.
E que me perdoe os pecados.
Agora e na hora da minha sorte.
Nota de leitura