O self na crise. A crise do self

Daniel Hell

Tradução: Maria Antónia Amarante

Prefácio e revisão científica: François Gysin

O autor expõe as origens do termo self na história da filosofia e no campo da psicologia e nas diversas escolas psicoterapêuticas. Traz à psicoterapia a noção do domínio pré-reflexivo, ou seja, a parte psico-corpórea do self. É cunhada nos primeiros anos do desenvolvimento pessoal, em contraste com o self reflexivo, este sendo de origem mais tardia e de carácter cognitivo. Hell examina, para as mais prevalentes perturbações mentais, de que forma o self pré-reflexivo se encontra afectado. Indica como lidar, tanto na psicoterapia como na vida com as vulnerabilidades e as feridas pré-reflexivas. Na sociedade moderna tardia o self pode fracassar perante exigências exteriores e também perante ambições internas. Aborda também o tema relacionado da vergonha, entre humiliação e o envergonhar-se perante si próprio. Revela as qualidades da vergonha como sendo a guardiã do sentimento de si e do self.

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Excerto

«Conhece-te a ti mesmo». Já no séc.V. a C. se podiam ler estas palavras numa coluna do templo de Apolo em Delfos. A frase, tão curta como expressiva, tem grande ressonância nos dias de hoje. Parece corresponder à moderna auto-compreensão que se considera individualidade autónoma e se toma como ponto de partida. Mas a interpretação da Antiguidade Clássica era outra: entendia-se a máxima como exortação no sentido de evitar a soberba, adoptando, ao invés, uma conduta humilde e reconhecendo os próprios limites e fragilidades.

A exortação, em Delfos, ao conhecimento de si mesmo, foi inicialmente percebida como mandamento divino de Apolo. Na tradição filosófica da Antiguidade Grega a frase passou depois a ser lida como chamada de atenção para a vulnerabilidade humana. O homem deveria estar ciente das suas dependências e encontrar a justa medida na sua forma de viver. Os estóicos encontravam ainda nessa formulação a exortação a uma vida em sintonia com a Natureza. Mais tarde, por influência de Platão, a frase foi também interpretada como obrigação de levar à prática uma ética do Bem.

A moderna auto-compreensão é outra coisa. É verdade que as concepções da Antiguidade Clássica não desapareceram pura e simplesmente. Mas a cultura social e as condições de vida sofreram alterações tão radicais que o “Conhece-te a ti mesmo”, ou seja, “Conhece os teus limites” se converteu numa tendência para enfatizar e encenar essa individualidade única, o self. Prova disso são tópicos actuais como auto-afirmação, auto-realização, auto-optimização. Mas também na filosofia, na psicologia e noutras ciências, a auto-consciência se converteu num conceito chave.

Nota de leitura

Ficha Técnica

ISBN: 978-989-9154-39-3

Dimensões: 13x18cm

Nº páginas: 232

Data: 2024 / Setembro

Edição: # 328

Colecção: terceira margem # 011

Género: Ensaio

PVP: 18 €

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