A Clínica e a Patologia dos Sistemas
Nuno Félix da Costa
Há, certamente, muito da écriture-lame, da esgrima verbal dos moralistes, na forma como o autor de A clínica e a patologia dos sistemas conduz uma reflexão que oscila, em deriva permanente, entre o estatuto epistemológico da medicina e os mais rasteiros interesses pecuniários dos sistemas de saúde; entre a definição do humano e as utopias (ou distopias) da engenharia genética; entre o uso de psicofármacos, a anti-psiquiatria e a psicanálise; entre a ingênua romantização da loucura, a “moda da medicina narrativa” (uma estocada em Oliver Sacks?) e a visão contrastada das “patobiografias” de Antonin Artaud e Fernando Pessoa — esta última, numa sequência de aforismos do capítulo “Um estado limite” que reverbera os fragmentos metapoéticos de Pequena voz, do próprio Nuno Félix da Costa.
Do Prefácio (Manuel da Costa Pinto, jornalista e crítico literário brasileiro, autor dos livros Paisagens interiores e Albert Camus: Um elogio do ensaio.
Venda directa: 10% de desconto. Portes gratuitos.
Pedidos para: companhiadasilhas.lda@gmail.com
Excerto
introdução: a clínica, a cultura
1 Um livro, uma temática, uma narrativa, uma prática — e um propósito (um comprometimento): a clínica. Ainda que o propósito seja a destruição (análise) de algo nebuloso e mágico que persiste na clínica ou a extensão do pensamento clínico às problemáticas que o humano toca (às problemáticas que o humano cria, às que sofre, às que assiste com maior ou menor angústia). Um livro sobre o humano que se faz, que adoece e que se desfaz; sobre as atitudes face ao que degenera, sobre os níveis a que o humano adoece, dentro e, também, fora do corpo — no sistema. E as intervenções: os seus sucessos, os seus custos bem como os das não-intervenções e das sobre-intervenções — como na pessoa, também no sistema.
Nota de leitura