A ceia grande
Mário T Cabral
Apresentação de Sandra Garcia
«(…) Neste livro emocionamo-nos com a dimensão do amor pelo Filho, de José, que o abre, ao de Maria, que o encerra. Um amor cheio de matizes, humano e divino, terreno e reverente, maior do que as palavras. São vários os personagens que nos vão dando novas leituras e abordagens de Cristo. Na sua maioria, à parte Maria e José, não se trata de personagens principais ou as mais óbvias, mas as que figuraram em segundo plano e que aqui adquirem centralidade e voz própria. (…) A dúvida e a divisão entre o dever de cuidar da casa e da família e entre tudo deixar para segui-Lo que angustiou o jovem herdeiro que não acedeu, de imediato, ao repto: “Vem e Segue-Me», e que depois é reconciliada com a certeza de que «não há nada de mal na posse, quando ela respeita a Lei – embora, mesmo assim, os bens jamais saciem a nossa sede de infinito.” O Mário foi um homem da sua casa, da sua família. Foi da Razão e da Filosofia, como foi da Arte, da Ética e da Estética. E foi também da Fé. Principalmente da Fé. Assim mesmo: sem contradições, por inteiro. Como o jovem herdeiro desde muito cedo que intuiu “que nada de apenas humano me alimentaria a vida”. Teve sempre sede de Infinito. Que possamos também vislumbrá-la e partilhá-la, essa sede de Infinito que nos inquieta, no banquete que é a obra A Ceia Grande.»
[Sandra Garcia]
VENDA DIRECTA
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Excerto
Vens a correr na minha direcção. O sol do Egipto, por detrás de ti, enche-te de ouro, difunde os teus limites, é como se te abrisse, algo que se desdobra, lírios no campo, sim, lírios no campo; e parece que levitas. Inauguras o mundo. És a face do princípio, o começo de tudo. Em bom rigor, nada existia antes de vires a mim, que de braços abertos te espero para saber para que serve um corpo. Tudo existe para ti, não conheço nada que não tivesse vindo à existência a não ser para te ver passar neste voo dourado, sol da minha vida, oh, meu Filho, como te amo, como eu te amo! Que espécie de alegria é esta que espalhas com os braços sobre a via láctea e sobre a terra dos homens, e que me põe surdo e com o rosto fechado e coberto de lágrimas?
É o júbilo da Criação. Colocas-me no princípio, inauguras o mundo, só agora começo a existir. Abres tudo o que estava fechado, campânulas, folhas, conchas, portadas; expões todo o escondido à luz, nada fica por compreender, nenhuma pergunta sobra em frente da tua graça. Vens a correr na minha direcção, és a Plenitude. (…)
Nota de leitura