A Companhia das Ilhas apresenta as obras a publicar neste último trimestre do ano e no primeiro do próximo.
Na área do teatro, depois de recentemente ter publicado a peça Al Pantalone, de Mário Botequilha, na sua colecção azulcobalto | teatro (coordenação de Rui Pina Coelho e Carlos Alberto Machado), seguir-se-á um volume intitulado Teatro que reúne oito peças, algumas delas inéditas, do dramaturgo Abel Neves (Montalegre, 1956). Esta colecção será apresentada dia 21 de Novembro, no Teatro Nacional D. Maria II, com a presença dos dramaturgos com peças editadas na Companhia das Ilhas e a editar em 2016.
A poesia continua com lugar de destaque na editora, com sete novos títulos. O poeta José Manuel Teixeira da Silva organiza uma importante antologia de Inês Lourenço (Porto, 1942), intitulada O Segundo Olhar. A poeta portuense assinala desta forma os 35 anos da publicação do seu primeiro livro. Em 2012 Inês Lourenço tinha publicado na Companhia o livro de micro-estórias (ou de prosa poética), Ephemeras. O poeta Nuno Félix da Costa (Lisboa, 1950), regressa à edição de poesia com um novo título: O desfazer das coisas e as coisas já desfeitas, certamente uma obra singular no panorama da poesia portuguesa actual. Outro importante nome da nossa poesia, José Ricardo Nunes (Lisboa, 1964), regressa à Companhia das Ilhas com o livro Três oito e setenta e cinco, depois de em 2013 aí ter publicado o livro de contos Confissões. Luís Serra (1970), o poeta de Tudo Voltaire ao Cabaré e de Brinquedos de Latão e Sarampo (ambos editados pela Apenas Livros), organiza para a Companhia das Ilhas uma antologia pessoal, com o título Aeroplano de Asas Partidas. Daniel Gonçalves (Wetzikon, Zurique, 1975), está radicado desde 1999 na ilha açoriana de Santa Maria e é a partir daí que têm surgido os seus livros de poesia: Pequeno Livro de Elegias é o que será publicado pela Companhia. Da ilha de S. Miguel, Âmbula, o segundo livro de poemas do jovem poeta Leonardo (Ponta Delgada, 1993): o primeiro foi a colectânea de poesia e de micro-narrativas há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida, com chancela da açoriana Letras Lavadas. Jorge Corvo Branco organiza para a Companhia a “colectânea sebastiânica” O Desejado. Robot Bimby, com poetas portugueses e africanos dos países de língua oficial portuguesa. O grande poeta do simbolismo português, o florentino Roberto de Mesquita (Flores, 1871), terá a sua obra reunida no livro Almas Cativas e Poemas Dispersos, organizado e prefaciado pelo crítico e poeta Carlos Bessa. Vitorino Nemésio encontrou na primeira edição, póstuma, de Almas Cativas (1931), «uma tristeza emotiva, quasi climatérica, que aflora uma alma entorpecida pela humidade dos Açores».
A ficção tem também um importante lugar nas opções editoriais da Companhia das Ilhas: António Cabrita, Carlos Alberto Machado, Nuno Dempster, Henrique Manuel Bento Fialho, Paulo da Costa Domingos, José Pinto de Sá, Valério Romão, Maria da Conceição Caleiro e João Reis. Neste semestre, juntam-se três novos autores: Alexandre Sarrazola, Armando Almeida e Dimas Simas Lopes. Do último, o romance Porto do Mistério do Norte, uma forte escrita de raiz açoriana, deste médico cardiologista (Terceira, 1946), dado a várias artes e que antes tinha editado (na Calendário de Letras, 2013), a obra Sonata para um Viajante (misto vigoroso de ficção e de roteiro geográfico-cultural-sentimental). Alexandre Sarrazola (Coimbra, 1970) conhecido poeta e dramaturgo, traz-nos o original e perturbador Kinderszenen, construído a partir de «revelações de negativos sobre vidro. Colecção privada Lx. RSM.5.2.2001. AS». Armando Almeida (Porto, 1961), que antes publicara Dez Minutos e Outros Contos e o romance O Terceiro Prémio, traz agora para a Companhia das Ilhas a novela O Justiceiro, bizarra estória de um homem que vive uma vida normal e ordenada no mundo privado das próprias ilusões. Neste domínio da ficção, a jovem doutorada Mónica Serpa Cabral junta-se à Companhia das Ilhas com uma primeira grande antologia, precedida de estudo alargado: O Conto Literário de Temática Açoriana: Estudo e Antologia.
Um dos mais importantes filósofos portugueses do século XX, o açoriano José Enes, terá, pela mão da viúva, Professora Maria Fernanda Enes, e pelo Professor Carlos Amaral, uma colectânea de estudos (muitos deles inéditos) de fenomenologia política, ordenados sob o título Portugal Atlântico, com ênfase especial na história e cultura dos Açores: mais um acontecimento editorial de relevo.
Noutra área, o livro Açores a Pé, do jornalista Nuno Ferreira (Aveiro, 1962). Entre Março e Dezembro de 2012, Nuno Ferreira atravessou demorada e pormenorizadamente o arquipélago dos Açores e o resultado é uma narrativa que procura espelhar, à medida da passada e do fôlego do jornalista, os contrastes da vivência quotidiana em cada uma das nove ilhas do arquipélago. Nuno Ferreira trabalhou nos jornais Expresso no jornal Público e foi distinguido com vários prémios de jornalismo.