Entrevista de Paulo da Costa Domingos ao site Novos Livros, em 15 de Abril de 2019:
O que representa, no contexto da sua obra, o livro CARMES?
Reunir os versos que o autor dá por salvos da erosão no processo criativo, é lançar uma nova desordem no que, por preguiça, outros foram considerando arrumado em categorias e conforme. Reunir é quebrar a separação no espaço, no tempo e nos intuitos; é uma tomada de perspectiva e de escala sobre uma consciência que já lhe é anterior. É como – para um pintor ou um fotógrafo – ver pela primeira vez, junta dentro o mesmo plano de acção, uma escolha dos seus trabalhos. E é também, necessariamente, um exercício “muscular” preparatório do livro que se lhe seguirá.
Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
Subjaz sempre a mesma ideia nos homens, ao manifestarem-se criativamente: trata-se de responder a um desafio particular perante a grande criação universal. Este livro antológico, ou os que antes deram origem a este, resultam da natural vaidade e competência humanas que diferenciam o homem do símio.
Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
O meu exercício de escrita é diário, faz parte das minhas pequenas alegrias, não tendo à partida a perspectiva editorial. São dois momentos distintos: o da escrita e o da publicação. Mas se a pergunta pende para aquilo que irei tornar público, então existe já um livro completo a aguardar editor, e que anuncio na bibliografia nas páginas finais de CARMES. Tal como sugere a minha resposta à primeira pergunta, trata-se de um livro futuro em consequência com todo o meu passado.