Vox Humana
Joaquim M. Palma
A música e a poesia sempre foram o rosto duplo da beleza. E, de um modo manso, esses dois vibrantes semblantes surgiram no caminho do escrevinhador destas linhas como que a pedir-lhe que os trouxesse para o corpo do mundo, que neste caso tem a forma de livro. E ele começou a guardar de entre as mais variadas sonoridades dos instrumentos com acompanhamento da voz humana cantada aqueles momentos sonoros em que uma qualquer corda órfica dentro dele vibrou muito para além da sua condição terráquea. E para quem passa e é saudavelmente curioso, aqui fica o convite: ler os poemas e escutar as músicas – ou vice-versa -, pois pode acontecer que os dois rostos, de repente, se transformem, magicamente, num só, para contento dos amantes das presenças transcendentes.
Joaquim M. Palma
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Excerto
“Quando a gente gosta…”
CAETANO VELOSO
Sozinho
Quando a gente gosta
tudo parece continuar igual
mas por dentro é que não.
São os meticulosos cientistas
da ínfima e invisível matéria
a dizerem que o gostar transforma
em igual grandeza
os universos mais fundos
de quem gosta
e
de quem é gostado.
Só que essa mudança
o olhar diário não a detecta
por vir equipado desde a origem
com dois radares de curto alcance.
Nota de leitura