Reza canibal
Jorge Aguiar Oliveira
«Parábola em forma de holocausto, inventariando catástrofes, cinismos, massacres e perversidades, este livro é uma crítica feroz à alienação.
Grande rigor e mestria na construção do verso, deparamo-nos com uma linguagem impiedosa e rude – denunciante – que reclama um leitor sem interditos.
Há lugares que os deuses jamais escolheriam: Mianmar, Sumatra, Tete, Owo, Golã, Ruanda… e, no entanto, “continuaremos a dar lustro aos sonhos/ em decomposição eterna / sob a pele da solidão do mundo”.»
(Maria F. Roldão)
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Excerto
perdemos lá atrás a Semente Pátria
e o pouco vagar para desfrutarmos
a floração das alfazemas em ira
num Maio na serralha
por o maldito cheiro a gasolina mirrar
o pólen das flores
de resto
podem seguir todos opacos e pimpões
braço dado com a i-artificial por aí
qu’ eu fic’ oss’ oco de roer por aqui
esperando a rusga canibal
de funda na mão
Nota de leitura