O exercício da violência
Helder Gomes Cancela
A arte enquanto tempo
Por que é que algumas obras de arte se revelam capazes de sobreviver à violência da história, da diferença cultural e da diversidade subjetiva?
Por que é que algumas obras são capazes de suportar melhor do que outras o desfasamento inevitável entre aquilo que o autor diz e representa e aquilo que os espectadores e leitores vêem ou lêem?
Partindo da constatação de que algumas obras demonstram, de facto, uma particular capacidade para se projectarem para além do tempo e do espaço em que foram produzidas, este conjunto de micro-ensaios interroga-se acerca da natureza das obras e experiência estéticas.
O exercício da violência. A arte enquanto tempo é um ensaio constituído por múltiplos micro-ensaios que procuram pensar a arte e a literatura a partir das relações de recepção.
Excerto
É esta a importância da distância: ela assinala a capacidade de um texto ou de uma obra sobreviver à violência do desfasamento entre quem escreve ou pinta e quem lê ou vê, entre o que se escreve e o que se lê. Entre o que um texto tem para dizer e aquilo que os leitores querem ou podem ler. Entre o que uma imagem tem para mostrar e aquilo que os espectadores querem ou podem ver.
Nota de leitura