O Caso Salvaterra
João Urbano
Dois amigos de sempre. Um torna-se um artista de craveira mundial, o outro não chega a fracassar já que vive para lá do fim da arte.
Um escritor cujo projecto literário é irrealizável.
Uma mulher que se vê ameaçada pelo poder que detém.
A arte, a amizade e o amor.
Excerto
Volto à exposição, ao meu amigo que me espera. Só que aquele mundo, o mundo por onde transita o meu amigo, o mundo da arte, não me interessa para nada e se algum dia me repugnou deixou de me repugnar. Apenas o frequento porque me atrai o aspecto mortuário da arte. Brinco. Ainda o frequento porque existe o Salvaterra e o sigo mesmo ao longe. Salvaterra ainda me faz reparar na arte. Que existem artistas e coisas de artistas. De outro modo não dedicaria um minuto do meu tempo a tal assunto. O capítulo arte, no fundo, encerrou- se para mim. Não deixa de ser um acto perverso visitar ainda certas exposições de arte quando tudo aquilo está morto, para sempre morto.
Nota de leitura