Nervo
João Candeias
«A poesia não tem “fórmulas” certas, embora se tente impor esse objectivo. Esta poesia pretende reflectir o inconsciente da sociedade em que vivemos.
A nossa individualidade é a nossa liberdade.
Não permitamos pois que nos esmaguem com a irracionalidade das massas e a fatalidade no recôndito do tempo.
A fragmentação do texto é mais uma forma de oposição à constância da lei e da ordem estabelecidas.»
[João Candeias]
Excerto
iniciação
a canção oferece-se
ao primeiro alvor da palavra
o canto canta na voz
de um muezim.
a voz canta a água inicial
a língua mergulha no som
leito comunicante.
a língua canta o pensamento.
a razão desvela-se
mergulha profunda.
e, no entanto, sendo precária
a língua é infinita
Nota de leitura