Contos Contados
Álamo Oliveira
Alguns destes Contos (ou todos mesmo) são de antologia na nossa Literatura. Nossa porque escrita aqui, Nossa porque, se muito longe daqui, o açoriano que a escrevesse e sentisse por dentro as ilhas – embora à distância – assim a escreveria. E poderemos dizer, com orgulho, nossa Literatura, se for produzida em qualidade.
João Dias Afonso
Álamo de há muito que diz não às interdições, à moral, à hipocrisia. O escritor resiste, ainda e sempre, às censuras da sociedade. Porque sabe que é preciso que aconteça qualquer coisa de extraordinário numa vida (e numa ilha) onde, em geral, não acontece nada, ele sabe que é preciso substituir ao chato quotidiano um mundo no qual reinem a ousadia do amor, o arrojo da aventura, a liberdade total do sonho.
Victor Rui Dores
Excerto
Laparosos foi o nome que, evidentemente, lhes ficou, pois lapenses, lapónios, lapacenses e mesmo laparianos, traumatizavam todas as regras gramaticais da língua institucionalizada no reino. Debalde se tentou uma designação menos susceptível de pruridos e sorrisos. Porém, o homem põe e a gramática dispõe. Não há nada a fazer. Também o nome (laparoso) não é assim tão mesquinho como isso. Se, por exemplo, for escrito com maiúscula ganha mesmo uma dignidade nunca dantes sonhada. Mas naquele discurso – discurso para mais de importância histórica imensurável –, a palavra haveria de ferir todos os espíritos, mesmo os destituídos de sensibilidade.
Nota de leitura