Caderno das Letras
Álamo Oliveira
Quando a sorte bafeja atrevimentos e os joeira sobre grupos de pessoas que se entregam a movimentos de partilha e de diálogo sobre determinados assuntos, sinto-me favorecido pelas oportunidades surgidas e proveitosamente vividas. Os textos aqui reunidos, todos eles versando as áreas da Cultura e das Letras, resultaram das tais oportunidades de convivialidade e de partilha de saberes que me foram dando ao longo dos anos. Tive ainda a possibilidade de poder falar para públicos diversos e de tratar temas como literatura açoriana, vida sócio-cultural local e, em sentido mais restrito, as artes plásticas. Foram muitos os espaços de apresentação: Açores, Madeira, Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Bruxelas, mais os principais países da nossa diáspora (Brasil, América, Canadá e Bermuda).
Caderno das Letras é o mais recente conjunto de ensaios de Álamo Oliveira. É o 13.º volume da sua Obra Completa (ficção, teatro, poesia e ensaio), cuja publicação a Companhia das Ilhas iniciou em 2017.
Venda directa: 10% de desconto sobre 15 euros (13,50 euros). Portes gratuitos em correio não registado (em correio registado acresce 1,75 euros).
Excerto
À PROCURA DA NOÇÃO DE ILHÉU
Dos desafios que os açorianos enfrentam por força da sua situação geográfica, o da assunção da sua condição de ilhéus é, com certeza, o mais complexo. E não é tema que tenha ficado em pousio por comodismo ou por irreflexão, uma vez que o universo da insularidade continua a provocar a atenção dos estudiosos das áreas das ciências sociais e das literaturas. Uns e outros coincidem e divergem na interpretação do que é a tal condição de ilhéu, já que o mundo arquipelágico é formado por núcleos muito diferenciados quer a nível da formação geológica quer a nível de inserção na História. Não é possível uma definição que sirva para todas as comunidades insulares. A Austrália, por exemplo, é demasiado grande para ser uma ilha. A Indonésia tem demasiadas ilhas para se lhe reconhecer, apenas, uma insularidade dispersiva. Mesmo assim e apesar da impunidade argumentativa de que goza a globalização, ser-se ilhéu escapa, pela sua singularidade, a normas lineares e uniformes, entre elas a de como formatar a noção de ilhéu.
[…]
Nota de leitura