A Vau
Paulo da Costa Domingos
Comunicar com os outros, utilizando a linguagem intencionalmente, é tentar influir no destino deles, mas é necessário ser-se escutado. A arte dos versos – que são apenas fonética carregada de significação – pode constituir uma derradeira boa ponte de acesso, quando já nem o bom nem o mau senso fazem história. Se a razoabilidade não se fez ouvir, talvez a comoção estética… Isso se espera de A Vau, o terceiro livro que Paulo da Costa Domingos publica em 2018, depois de Jocasta e Dizimar.
Na Companhia das Ilhas publicou, em 2014, A Morte dos Outros.
Paulo da Costa Domingos – autodidacta, escritor, editor e antiquário-alfarrabista – nasceu em 1953, em Lisboa.
Nota: desta edição foi feita uma tiragem especial de 20 exemplares numerados e assinados pelo autor.
Excerto
MUSGO
Toda a noite a tília
chora sua mágoa de água,
que gela, toda a noite
indiferente.
Acerca da noite ignora-se
se é uma bênção ou mera
coincidência o dia
seguinte.
Nota de leitura
«Se de poesia comprometida se pode falar, em relação a Paulo da Costa Domingos, o compromisso é, sobretudo, para com o estado do mundo. Uma atenção à realidade envolvente do sujeito da escrita que determina uma poesia incapaz de desviar os seus sentidos perante panoramas de destruição, descaso e desfaçatez. Uma poesia em que a denúncia e a revolta se revestem sempre do máximo cuidado formal.»
Hugo Pinto Santos, Ípsilon (Público), 21 de Dezembro de 2018 – Os 10 Melhores Livros do Ano (Poesia)
Escolha de Manuel de Freitas com um dos 10 Melhores Livros do Ano (Expresso, 22 de Dezembro de 2018)