A Varanda

Ricardo Marques

A pintura reproduzida na capa foi gentilmente cedida pela pintora Maria João Lopes Fernandes.

 

A Varanda começa com um sonho. Neste sonho são imaginadas várias possibilidades de construção de um mundo que ainda não existe, um mundo futuro que tanto pode ser um lugar utópico como um lugar disfórico. Na parte principal do texto há um diálogo entre duas personagens, mas a personagem principal poderá ser a varanda que lhe dá título, a personagem que consigo próprio fala.

Como um alfabeto-dicionário para as coisas quotidianas que passam nos nossos dias confinados, esta varanda é símbolo de uma quarentena onde estamos dentro de casa a viajar, resguardados dos vários vírus que se alojaram no mundo, mas frente a frente com o nosso pensamento.

 

Venda directa: desconto de 10% (preço com desconto: 13,50€), portes gratuitos em correio simples; em correio registado (aconselhável): acresce 1,75€ (encomendas para o e-mail: companhiadasilhas.lda@gmail.com).

Excerto

Durante muitos dias nada era trazido na promessa da manhã, não via muitas pessoas da varanda, desconfiava que perdera totalmente a capacidade de me fazer entender nessa língua. Esses dias não me preocupavam, mas, lá no fundo, sentia que não podia simplesmente acordar e ir à varanda pedir por um sinal, nem sequer mesmo que a manhã viesse e o sol espreitasse, ou uma nuvem: uma nuvem que espreitasse detrás do sol é tudo o que podemos querer quando nos levantamos de manhã.

Frase a frase fui construindo novas manhãs com o ímpeto antigo de dar forma às coisas inertes que via, aos sentimentos que lia nos outros, aos olhares que comigo se haviam cruzado. Uma bifurcação de olhares, miríades de sentimentos, as coisas informes tomaram conta do meu mundo, atravessando essas manhãs.

Depois então compreendi a linguagem do vento: a brisa invisível que atrai as flores e os pássaros, como um centro de gravidade. A manhã transformara-se em flor e o pássaro não era mais um pássaro, coadjuvantes de outros elementos. Eu, assistente do vento, da água, se chovia, do sol se batia na varanda.

Nota de leitura

Ficha Técnica

ISBN: 978-989-9007-34-5

Dimensões: 13x18cm

Nº páginas: 130

Ano: 2021| Junho

Edição: # 231

Género: Ficção / Novela

Colecção: azulcobalto 099

PVP: 15 €

Autor