Gertrud Stein
Nasceu em Allegheny, Pensilvânia (EUA), em 1874, mas viveu toda a sua vida adulta na Europa, mais precisamente em Paris, a partir de 1903. No seu apartamento da Rue de Fleurus, acotovelavam-se personagens do mundo artístico e da sociedade da época: Braque, André Masson, Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Jean Aron, Djuna Barnes, Nancy Cunard são alguns dos nomes constantes de uma lista interminável. Desenvolveu uma relação estreita com Picasso e, simultaneamente, com o seu grande rival, Matisse. Para além de pintores, acolhia, regularmente no seu estúdio a visita de Apollinaire, Max Jacob, André Salmon, Erik Satie, Jean Cocteau, Sherwood Anderson, Ernest Hemingway, Scot Fitzgerald. Gertrude gostava de reunir a sua “corte de génios”, presidida por ela própria. Mas havia quem lhe resistisse como, por exemplo, James Joyce que afirmava “detestar mulheres intelectuais”.
Em 1907, Stein começou a viver com Alice B. Toklas, uma amiga dos seus tempos de S. Francisco. No início da sua relação, Stein tinha acabado Three Lives, um conjunto de três histórias (retratos) de três mulheres e trabalhava numa obra monumental baseada na sua própria família a que chamou Making of Americans. A união das duas mulheres muito feliz que durou todo o resto da vida da escritora e que foi amplamente documentada na sua Autobiografia de Alice B. Toklas.
A influência de Cézanne na sua obra deu origem ao seu estilo repetitivo e hipnótico e ao “cubismo na literatura” a que ela chamava o seu próprio “método de composição”. Este assentava nos seguintes princípios: “…começar sempre de novo, sempre, sempre”, “usar tudo” e “utilizar um presente contínuo”. Em Cézanne, ela admirava a técnica a paciência e o método bem como o facto de, na composição, os detalhes terem tanta importância como o todo.
Os seus escritos “impressionistas” nos quais utilizava termos que lhe eram familiares e que lhe suscitavam uma determinada reacção, tinham como finalidade descobrir um significado oculto, a sua verdadeira natureza. Para muita gente, ela maltratou a língua inglesa, abusou dela e “desfigurou-a”. A sua intenção era criar uma nova linguagem em que a qualidade do verbo deveria ser intrínseca e não o espelho de uma imagem preconcebida. É famosa a sua frase, “Rose is a rose is a rose”, na qual ela condensou toda a sua teoria: o sentido deveria surgir a partir da entoação do conjunto de palavras, fazendo emergir, do subconsciente, o significado perfeito até aí mergulhado nos recônditos da mente.
Morreu a 27 de Junho de 1946 e foi enterrada no cemitério Père Lachaise, em Paris. Dias antes, na cama do hospital onde estava internada, perguntara a Alice: “Qual é a resposta?” E, uma vez que a companheira não lhe respondeu, insistiu. “Então, qual é a pergunta?!”. O seu humor e o seu génio permaneceram intactos até ao fim.
