No prelo

Não se pode entender o pensamento esotérico de Fernando Pessoa sem um estudo mais cuidadoso dos seus textos herméticos. Por eles se vê como foi intenso o fascínio do misterioso, do oculto, sob todas as formas. E como se manteve, pela vida fora, a chama que lhe conduziu o destino, tecendo-o com a busca da palavra, iniciática tanto quanto poética, e transformada no puro desassossego de que nos foi dando conta.
Nas Livrarias: segunda semana de Julho de 2022.

Autora premiada e multifacetada, Leonor Sampaio da Silva tem habituado o público a textos de gosto híbrido, onde humor, erudição, lirismo e ironia se entrelaçam num timbre seguro e peculiar. Com quase um carimbo poderíamos ser levados a pensar que o pendor lírico fosse favorecido – e não deixa de o ser em alguns momentos -, mas a verdade é que o conduz um fio irónico levando avante um exercício de teatralização do sujeito que o confirma como entidade plural(izável). A realidade serve-lhe sincronicamente de palco, bastidor, público, didascália. Reside nisto uma curiosidade escarnenta da nossa condição: para se conhecer, o sujeito precisa de ser actor de si mesmo, só pode realizar a sua aproximação do mundo por via de ficções e modos de representar a que o universo das artes serve de espaço privilegiado de meta-referência. A sua acção e, nisto, a sua realização, interrompe qualquer contemplação. Por sua vez, a contemplação impede-o de se realizar.
Nas Livrarias: primeira semana de Julho de 2022.

Árvores ao pé da porta – árvores do Centro Histórico de Évora
Trees at your door – trees of the Historic Centre of Évora
Coordenação da edição | Coordination of the edition
Anabela D. F. Belo (afb@uevora.pt)
Autores | Authors
Anabela D. F. Belo, Carla Pinto-Cruz, Vasco M. A. Silva e Maria da Conceição Castro
Fotografia | Photography
Rui Belo
O inventário das árvores do Centro Histórico de Évora decorreu durante Maio de 2021 e consistiu no levantamento da sua localização exacta e na sua identificação taxonómica. Para cada árvore apresenta-se uma ficha da espécie com o nome científico, nome vulgar, família, origem e estatuto em Portugal, uma breve descrição dos caracteres diagnóstico (como folhas, flores ou frutos), o período do ano em que está em floração, o local onde pode ser observada e, nalguns casos, uma nota sobre factos curiosos.
Foram identificadas 44 espécies, na sua maioria plantas exóticas introduzidas com propósito ornamental. Este é, evidentemente, um trabalho parcial, uma vez que não contempla todas as árvores presentes no Centro Histórico de Évora. De fora ficam as muitas árvores que existem em pátios e jardins particulares, cujo acesso não é generalizado, e as árvores do Jardim Municipal, cujo acervo se encontra já documentado. É um trabalho destinado aos eborenses que desejem conhecer as árvores das ruas do Centro Histórico de Évora, mas também aos muitos turistas que nos visitam, razão pela qual é bilingue. Foi feito um esforço assinalável para não usar vocabulário técnico, que não é acessível à maioria das pessoas, e por isso dispensámo-nos de incluir o glossário habitual neste tipo de obra.
Anabela Belo
Nas Livrarias: terceira semana de Julho de 2022.

(…) Jamais se viu peça tão irreligiosa, descrente e agnóstica, defensora de um pragmatismo alheio a qualquer crença, a-utópica, por assim dizer. Os apelos à “teologia” e ao bem público, à moral comum, mascaram os contornos reais dos procedimentos, justificam-nos legitimando-os pelos supostos princípios que contêm, como sucede com a tese do frade acerca de que o que peca é a “vontade”, o espírito e não o corpo.
Este microcosmo da Mandrágora é o retrato de um mundo contaminado pelo dinheiro, o credo, em todos os seus interstícios. Paradigma desse poder do poder de comprar é a cena de Frade Timóteo com uma “mulher rica” que lhe paga umas missas pela alma do seu defunto marido que, pelos vistos, a sodomizava. Nunca um padre foi tão negociante e contabilista, tão faminto de dinheiro. Mandrágora — a peça — que gozou do ambiente de liberdade que havia na Itália em que foi representada, nos anos vinte de 1500, será, uns anos depois, metida pela inquisição e pelas censuras de das épocas ulteriores, no índex. Será só no século XX e muito depois da guerra, a segunda, que encontrará, levada à cena, o reconhecimento do seu valor real e actualidade inultrapassada.
[Fernando Mora Ramos]
Nas Livrarias: terceira semana de Junho de 2022.
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