Outros nomes, outras guerras

Urbano Bettencourt

Obra Recomendada pelo Plano Regional de Leitura dos Açores

 

O presente volume contém uma selecção de poemas que vêm desde o seu primeiro livro, Raiz de Mágoa (1972) até ao recente África frente e verso, e inclui ainda uma breve sequência de inéditos.
A poesia de Urbano Bettencourt requer o nosso reencontro de tempos a tempos, uma sucessão de olhares e pensamentos. Não se trata tanto aqui de uma poesia de conceitos ou ideias, mas sim de uma ideia ou conceito de poesia onde tudo cabe ou tudo poderá ser sugerido e insinuado, onde o melhor da nossa tradição literária converge para que possamos redefinir constantemente quem somos e donde vimos.
[Vamberto Freitas, do “Prefácio”]

 

Excerto

Quando o técnico do estúdio
os reuniu na foto, lado a lado,
já tinha havido uma guerra,
algumas batalhas perdidas, outras
nem tanto;
as tropas tinham feito e desfeito cravos,
tão cedo idos desta vida como a via
original para o socialismo.
Mas eles não podiam sabê-lo ainda
nesse momento em que desfitavam o fotógrafo
e inscreviam no futuro o olhar cruzado
com que não me olham agora
muitos anos depois.
A pequena glória do técnico será mesmo essa,
a de inventar-lhes uma história,
anulando a distância que vai de um natal dele
sobre o Sado, em 70,
à ilha dela e a um outro estúdio
que o tempo baniu do mapa da cidade.
Falaremos, então, de ficção
a propósito de foto & cine,
os planos, a montagem, as elipses
– motivos para uma conversa, oh mon dieu!, com Eisenstein
na Escola de Cinema de Moscovo.
[“Sobre a arte da montagem”]

 

Nota de leitura

Desta vez trago à baila um poeta que, de furtivo em furtivo livro, reabilita a palavra poética e o sentido mágico do poema: Urbano Bettencourt, cavaleiro andante por amor à literatura, açoriano que vive entre a ilha e a viagem (…) poeta do equilíbrio formal, da economia do verso bem urdido e sonoro, e da requintada arte de finalizar o poema, sendo que um constante sentido de rigor, de exigência e de minúcia orientou a demanda de uma linguagem depurada e erguida sobre a palavra iluminada, exata, única e essencial. Resultado: o percurso poético de Urbano tem sido sempre de sentido ascendente. Diria mais: ele é excelente e imenso poeta porque tem a policiá-lo um grande sentido crítico.
[Vítor Rui Dores, RTP-RDP/Açores, 30 de Junho de 2013]

 

Ficha Técnica

ISBN: 978-989-8592-23-1

Dimensões: 11×15

Nº páginas: 48

Ano: 2013

Nº Edição: 19

Género: Poesia

PVP: 10 €

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