José da Rosa de Lemos – Vida e Obra de um Músico é a história de quem, com meios mínimos ou, às vezes, nem isso, conseguiu deixar um perfume inesgotável de arte musical e da arte de saber viver com quase nada.

José da Rosa de Lemos nasceu na Candelária do Pico, no dia 10 de Novembro de 1917. Não se limitou ao contexto da dureza do trabalho nas terras e nas vinhas, mas desde muito novo entregou-se à execução e ensino dos instrumentos de corda.

Este livro conta a sua história de vida e oferece 42 composições (partituras) de sua autoria.

Excerto

José da Rosa de Lemos Júnior, filho de José da Rosa de Lemos e de Filomena Garcia das Neves, nasceu na Candelária do Pico, no dia 10 de Novembro de 1917.
Limitado pelas “pedras negras” e pelo horizonte onde se via em frente, de um lado, a ilha do Faial e do outro o mar infinito e aquilo que, tantas vezes, se procura e nunca se acha, mas que é capaz de despertar todos os sentidos para nunca se desistir de alcançar os sonhos que “comandam a vida”, este candelariense
ultrapassou as próprias circunstâncias e fez avançar o mundo à sua volta. Assim foi. José da Rosa de Lemos não se limitou ao contexto da dureza do trabalho nas terras e nas vinhas, onde era exímio enxertador, mas desde muito novo entregou-se à arte musical e apenas com 12 anos de idade já tocava violino e, até morrer, nunca mais deixou de fazê-lo e de contribuir para que muitos outros também o fizessem, desenvolvendo
uma exigente e qualificada execução dos instrumentos de corda.
O seu primeiro violino foi adquirido a Manuel Pereira de Melo Júnior, da Terra do Pão, em 1932. Era um violino de lata e os sons deveriam, apesar de tudo, agradar e entusiasmar ao ponto de se transformar numa actividade imparável, a sua permanente ligação à música, numa ilha onde a escolarização chegava apenas à então chamada quarta classe do ensino primário e não era para todos, nem no tempo certo das aprendizagens, porque a penúria da vida assim o exigia a muitos. José da Rosa, com conhecimentos mais desenvolvidos em disciplinas como Português, Matemática, História e Geografia, realizou com mérito o exame da quarta classe para adultos. Apenas alguns frequentavam a escola, porque todos os braços eram indispensáveis, desde muito cedo, para o amanho das terras e das vinhas, sobretudo, mas o mar também os chamava, quer para a pesca quer para servir nos barcos de cabotagem que saiam, todos os dias, do Porto do Calhau, do da Areia Larga ou do da Madalena.
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Nota de leitura